Os policiais militares investigados pela prática de sequestro e extorsão de um integrante de facção criminosa, com atuação em Salvador, teriam exigido o pagamento de mais R$ 200 mil para liberar a vítima. As informações são da Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-BA).
De acordo com informações apuradas pela equipe de produção da TV Bahia, os investigados sequestraram a namorada de um traficante do bairro de Cosme de Farias, na capital baiana, e o extorquiram. Armas e drogas teriam sido exigidas em troca da liberdade da mulher.
Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra os investigados durante a "Operação Olossá", nesta quinta-feira (14), por funcionários do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e agentes da SSP-BA. Os alvos foram dois policiais e um ex-agente. Inicialmente, a SSP havia informado que seriam quatro investigados, posteriormente corrigiu a informação.
Segundo o MP-BA, os mandados foram cumpridos na capital baiana e em Lauro de Freitas, município da Região Metropolitana de Salvador.
O órgão informou ainda que a operação ocorreu após uma investigação que teve início depois que a Polícia Federal analisou, em 2020, celulares apreendidos com integrantes de uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas.
Segundo a apuração da reportagem, um dos mandados foi cumprido na casa de um dos investigados e outro na sede da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos celulares, documentos e computadores. Não há informações se o traficante que teve o celular analisado pela PF em 2020, identificado inicialmente apenas como André César, segue preso.
O material apreendido será submetido a conferência e análise pelo Gaeco e Force e, posteriormente, encaminhado aos órgãos competentes para adoção das medidas cabíveis.
A operação realizada em 2020 pela PF, também chamada de "Olossá", tinha como objetivo desarticular o tráfico internacional de drogas de um grupo criminoso que utilizava "mulas" para transporte de cocaína para a Europa, por via aérea, escondida nas bagagens.
A investigação teve início em maio de 2019, a partir de informação recebida pelo serviço de Disque Denúncia, da Secretária de Segurança Pública da Bahia.
Segundo a PF, a partir daí identificou-se que o chefe da organização criminosa era dono de uma barraca de praia em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, e usava o estabelecimento para aliciar pessoas – as chamadas “mulas” – para transportar a droga.
Ele também era o responsável por providenciar os passaportes, as passagens e ainda fornecia os euros para custear as despesas da viagem.
Ao longo da investigação foram presas 10 pessoas tentando embarcar com cocaína em aeroportos da Bahia, Pernambuco, Ceará, São Paulo e Paraná, e mais outras três pessoas responsáveis pela entrega das malas já prontas, com a droga escondida, para as "mulas".
De acordo com a PF, no total, foram apreendidos nessas ações pouco mais de 25 Kg de cocaína. Cada viagem podia render até meio milhão de reais para a quadrilha, e a "mula" recebia em torno de R$ 20 mil no caso de êxito no transporte da droga.