Os resultados do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian revelam entusiasmo dos empresários brasileiros no mês de abril deste ano. Isso porque, no panorama nacional, foi registrado um aumento de 15,1% na busca das empresas por recursos financeiros em comparação com o mesmo período de 2023; enquanto na Bahia, esse índice chegou a 13,2% no período.
Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, este cenário de alta na busca por crédito das companhias, principalmente pelas micro e pequenas empresas (MPE), pode ser explicado como consequência das medidas do Desenrola Pequenos Negócios. Os dados revelam que as MPEs impulsionaram o índice, com aumento de 15,3%, enquanto nas companhias de grande porte, o crescimento foi de 9,6% e nas médias, de 9,2%.
Já para Adriana Pereira, economista e analista técnica do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na Bahia, ainda é cedo para fazer esta correlação com o programa Desenrola, pois as instituições financeiras só iniciaram as renegociações dia 13/5. “Claro que a perspectiva de negociação de débitos anteriores e o lançamento de novas linhas de crédito em até 30 dias tendem a melhorar o otimismo do empresariado”, afirma.
Sobre o cenário na Bahia, Pereira aponta outros fatores que podem explicar o aumento da demanda por crédito no mês de abril: “tradicionalmente, o movimento econômico no primeiro trimestre é centrado mais no setor de turismo e gastronomia, com o reaquecimento de outros setores ocorrendo a partir de abril. Assim, esta é a primeira justificativa”. A segunda causa, segundo ela, é a formação dos estoques do comércio para as vendas do Dia das Mães.
“Alguns setores como beleza e bem-estar e gastronomia também investem em insumos neste período de abril para atender às demandas do Dia das Mães. Assim, sem capital de giro excedente, as MPE recorrem ao crédito para aproveitar a oportunidade. O Sebrae percebe o movimento de busca de crédito neste período, em função de seus contatos com as instituições financeiras e suas pesquisas, mas não foi um movimento excepcional, em especial no nosso estado”, constata a especialista.
Ainda quanto a fatores que impulsionaram o crédito no estado, Pereira aponta uma pequena parcela dos empresários, que buscou crédito para investir em novos maquinários, na perspectiva que o ano "começou" depois do primeiro trimestre e da queda pequena, mas que ocorreu na Taxa Selic. Porém, a economista do Sebrae Bahia alerta que é preciso ter cautela: “importante que sempre seja realizado um planejamento prévio de como buscar o crédito e um plano de ação para o pós-crédito, com o objetivo de obter o crédito e aplicá-lo com o retorno necessário”.
O Sebrae Bahia, portanto, detalha três perfis de empresários baianos: quem monta um negócio, que normalmente busca crédito quando precisa de capital de giro, ao invés de buscá-lo para a estruturação (circunstância em que enfrenta dificuldades, pois não há muitas linhas disponíveis, caso não tenha uma pessoa jurídica); o empresário já em atividade, este, normalmente, possui controle financeiro e identifica a necessidade de recursos complementares para suas demandas, sabendo avaliar o estoque que necessita; e os empresários que desejam inovar para ganhar produtividade, reduzir custos, nos casos de aquisição de máquinas e equipamentos.