Por Henrique Brinco
A Fundação Doutor Jesus, que é comandada pelo deputado federal baiano Pastor Sargento Isidório (Avante), foi alvo de denúncia do programa Fantástico, da TV Globo, por maus tratos contra internos.
A reportagem flagrou supostas humilhações nesses locais e, também, repressão à orientação sexual dos dependentes químicos. Esse tipo de conduta no acolhimento de dependentes químicos é condenado por especialistas e pelo Ministério Público, inclusive com denúncias de violação dos direitos humanos.
De acordo com um dos internos informou ao Fantástico, os banhos duram apenas 25 segundos. Internos - ou alunos, como são chamados -, são punidos com redução drástica de comida.
“Tem vários tipos de regras. Tem a disciplina. Aí come só arroz por três dias, dependendo da gravidade do que a pessoa fez. Já fiquei oito dias”, afirmou o interno à reportagem.
Em outra situação, Isidório afirma que pessoas transgênero são diabólicas. “Você deixou o Diabo lhe enganar. Você deixou o médico cortar seu pé de sofá. Ela só pensa que tem ‘bilau’. O Diabo diz ao homem que ele pode ser mulher, aí ele se veste todo, bota silicone”, disse o deputado em um dos áudios.
Em outro momento, Isidório aparece com um facão na mão: “Meu psiquiatra chegou. Seu psiquiatra chegou”. “Cabelinho quer ‘rapá’. Vai procurar um jegue. Você nasceu foi macho, rapaz”, diz o pastor em outra filmagem.
O programa lembrou ainda que as comunidades terapêuticas têm recebido cada vez mais dinheiro público, repassado por municípios, estados e pela União. Em 2019, somente do Ministério da Cidadania, que é o responsável pelo programa de comunidades terapêuticas, saíram mais de R$ 81 milhões. No ano passado, o valor chegou a R$ 134 milhões, um aumento de 65%. Nesse mesmo período, na rede de atendimento psicossocial a dependentes de álcool e drogas do SUS, os chamados CAPS AD, o aumento foi de 11%.
Em um vídeo de resposta, publicado nas redes sociais, Isidório escreveu na legenda: "Após a reportagem do Fantástico, veja que FANTÁSTICO o carinho que os internos têm com o seu dito 'torturador'". Já a Fundação divulgou em sua página: “Plantamos amor, cidadania, carinho, fé e respeito. Aqui não há discriminação, aqui não há segregação. Visite-nos e conheça a obra de perto!”