O cartorário e conselheiro do Atlético-GO, Maurício Sampaio, deixou o presídio na noite de sexta-feira (11), após a defesa conseguir a soltura por meio de um habeas corpus. Sampaio foi condenado a 16 anos de prisão por mandar matar o radialista Valério Luiz, em Goiânia. A prisão do dirigente esportivo durou menos tempo que o próprio julgamento do caso: foram 48 horas preso e três dias de júri.
O pedido de soltura feito pelos advogados Ricardo Naves e Thales Jayme se estendeu aos réus Ademá Figueredo (16 anos de prisão) e Urbano Malta (14 anos de prisão), mas o caso dos dois ainda não foi analisado pela Justiça, e eles seguem presos.
"Quanto ao futuro do processo, iremos recorrer e vejo com boas possibilidades a realização de um novo júri frente a várias nulidades", aposta Thales Jayme.
O radialista Valério Luiz foi assassinado a tiros em 5 de julho de 2012, na porta da rádio onde trabalhava, na capital. Na época, a investigação da Polícia Civil apontou Maurício Sampaio como mandante do crime por causa de críticas que o radialista fazia contra a diretoria do Atlético-GO.
De acordo com a investigação, a relação entre Valério e Sampaio não andava boa por causa dos comentários do radialista. O estopim para a morte de Valério foi uma crítica feita em um programa esportivo na TV quando Sampaio, que era ex-vice-presidente do clube na época, disse que ia sair da diretoria.
"Quando o barco começa a afundar, os ratos são os primeiros a pular fora", disse Valério, em 2012.
Veja como foi a condenação e absolvição:
- Maurício Sampaio (Ex-vice-presidente do Atlético-GO), apontado como mandante: condenado a 16 anos de prisão;
- Urbano de Carvalho Malta (funcionário de Sampaio), acusado de contratar o policial militar Ademá Figueredo para cometer o homicídio: condenado a 14 anos de prisão;
- Ademá Figueredo Aguiar Filho (policial militar), apontado como autor dos disparos: condenado a 16 anos de prisão;
- Marcus Vinícius Pereira Xavier (açougueiro), que teria ajudado os demais a planejar o homicídio: condenado a 14 anos de reclusão;
- Djalma Gomes da Silva (policial militar), acusado de ajudar o planejamento do assassinato e atrapalhar as investigações, foi absolvido.
Análise do Habeas Corpus
Na justificativa para soltar Sampaio, Ivo Favaro, desembargador do TJ-GO, citou que a constituição veda a execução imediata das condenações proferidas por Tribunal do Júri, mas a prisão preventiva do condenado pode ser decretada.
"O paciente permaneceu em liberdade durante o correr do processo, no entanto, na sentença condenatória, fixada pena de 16 (dezesseis) anos de reclusão, Sua Excelência determinou o recolhimento à prisão, sem, no entanto, indicar elementos idôneos para justificar a excepcionalidade", citou o desembargador.
Assistente de acusação e filho da vítima, o advogado Valério Luiz Filho disse na sexta-feira (11), quando a Justiça deferiu o pedido de soltura de Sampaio, que não acredita que eles consigam reverter a condenação.
"É decepcionante, mas não era inesperado. Eu acho que a prisão deles justificaria questões de ordem pública, principalmente dado tudo o que aconteceu esse ano", disse o filho do radialista.