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Baianos festejam Bicentenário da Independência

Baianos festejam Bicentenário da Independência

Publicada em 03/07/2023 às 08:51h

por Tribuna da Bahia


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 (Foto: foto de Divulgação.)

Momentos memoráveis marcaram o bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, ontem.  O desfile do 2 de Julho foi caracterizado, mais uma vez pela irreverência e pela fé do povo baiano na Cabocla e no Caboclo como entidades capazes de melhorar suas vidas, trazendo-lhes esperança, alegrias, sucesso e acima de tudo saúde. 

Os votos de gratidão também foram expressões muito vistas durante todo o trajeto: agradecimentos pela vida, pelo fim da pandemia e pelas conquistas obtidas.

Uma das principais manifestações artísticas, culturais e ainda um momento para engrossar o coro em prol de causas sociais, direitos e deveres dos cidadãos baianos, o Desfile do 2 de Julho é um momento – como fazem questão de ressaltar os participantes – de reafirmar a democracia e a diversidade da Bahia. Reivindicações como capoeira nas escolas, piso da Enfermagem, cumprimento das leis 10.639 e 11.645, que estabelecem o ensino das histórias afro-brasileira e indígena nas escolas, além do fim do racismo, do machismo e do fascismo, deram o tom da festa. A inelegibilidade de Bolsonaro também foi muito comemorada durante o trajeto. 

O cortejo começou, como manda a tradição, por volta de 7 horas com centenas de pessoas concentradas no Largo da Lapinha à espera da saída dos carros alegóricos com as imagens das dos caboclos, que assim como a participação do  povo negro,  tão bem representam a participação indígena na guerra que finalmente livrou as tropas portuguesas da Bahia, consolidando de uma vez por todas a independência do país. "Foram os indígenas, aliados a negritude desse estado, que de fato lutou e foi pra frente de batalha" comenta Áurea de Oliveira, pesquisadora. 

Com a presença de diversas autoridades, característica de todos os anos, as flores foram opostas no monumento ao General Labatut, a entrega dos carros dos caboclos e a execução do Hino ao 2 de Julho, momento em que é possível presenciar a emotividade do povo baiano.

“Vou confessar que é o único hino que sei cantar do início ao fim sem errar a letra. Me representa por demais, me sinto emocionada nessa hora há mais de 20 anos”, revela a manicure Valdeci dos Anjos, 55 anos, moradora do bairro da Liberdade.

 Como ocorre anualmente, o trajeto manteve seu tom cívico: grupos sindicalistas, de professores e de diversas categorias que vão ao desfile para exercer cidadania através de protestos por melhores condições de trabalho e contra casos de corrupção no sistema político brasileiro,  pedindo o fortalecimento da democracia.

O Museu Vivo na Cidade, Caboclos de Itaparica,  grupos de samba, fanfarras municipais e estaduais, o bloco do coletivo Centro Antigo Vive e as homenagens a personagens contemporâneas que muito atuaram contra a gentrificação da cidade, a exemplo da dramaturga Ivana Chastinet, falecida em 2017, também não faltaram no cortejo deste ano.

Terreiros de candomblé e de umbanda também levaram ao desfile do 2 de Julho toda sua fé e religiosidade, características que tornam o cortejo um dos mais – senão o mais – bonito do Brasil.

“Para mim, é a festa mais bonita que temos na Bahia, pois nela encontramos tudo o que representa esse estado tão rico culturalmente, tão rico de vitórias, de esperança e de lutas. Saber que aqui estão reunidos a população, os negros, os indígenas, os caboclos, o povo do Reconcâvo que teve papel fundamental na vitória da nossa independência, é muito emocionante”, declara a ekedi  Maria Anunciação.

Em frente ao Convento da Soledade, os presentes realizaram uma breve homenagem aos heróis e heroínas da Independência, sendo destacado, por diversos grupos, a participação inequívoca e fundamental das mulheres na luta: a Cabocla, a soror Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa, que dá Ilha de Itaparica comandou um exército de lutadores nativos, entre pescadores e marisqueiras, que como dita a história, expulsaram a base de cansanção os soldados das tropas portuguesas.

Tradição:

A tradição do 2 de Julho começou em 1823. Havia resistência das tropas portuguesas à Independência do Brasil, proclamada em 7 de setembro de 1822. Essas tropas foram expulsas em definitivo da Bahia por soldados enviados por Dom Pedro I que tiveram o decisivo apoio de baianos e nordestinos. “A reação da Bahia foi essencial para retirar o Nordeste das mãos de Portugal e o Sudeste das mãos de Dom Pedro I. Sem essa reação, o país estaria esfacelado à época”, explica o historiador Gustavo Arraes de Souza.

O cortejo foi sucedido, ainda, de homenagens na Ordem Terceira do Carmo e da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. “É um momento de diversidade, porque aqui nós expressamos nossa fé, nossa crença na democracia, na luta contra o racismo, contra o racismo religioso e contra todo tipo de discriminação. O 2 de Julho  não é só a Bahia, é o Brasil inteiro. E é urgente que esteja nos livros de história de todo o país para que toda a população possa entender que foi pela Bahia, nas mãos desse povo, que a independência do país se concretizou”, definiu.

 




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