Após superar um período desafiador para a gestão do ensino com a escassez de recursos financeiros devida às políticas do governo federal anterior, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) atingiu a classificação máxima, pela primeira, vez durante o processo de recredenciamento institucional com o Ministério da Educação (MEC). Além da conquista da pontuação 5 na avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), acumula avanços em rankings nacionais e internacionais e é a melhor do Nordeste.
No ranking britânico The América Latina, a universidade saiu do 31º para o 26º lugar e, pelo ranking chinês QS, apresentou melhora pelo terceiro ano consecutivo, estando na 67ª posição entre as universidades da América Latina e, na 17ª posição, entre as brasileiras, além de ser a melhor colocada no Nordeste. A nota 4,87 da avaliação do Inep, garantindo o conceito final 5, tem como base as análises das documentações dos últimos três anos e com reflexo nas gestões dos últimos 12 anos. “É um imenso orgulho pertencer à comunidade da Ufba. Divido com muita alegria essa conquista com colegas que me antecederam no cargo de reitor: professora Dora Leal Rosa (2010-2014) e professor João Carlos Salles (2014- 2022), o qual pude acompanhar na condição de vice-reitor”, pontua o reitor Paulo Miguez.
Com o último recredenciamento ocorrido em 2011, quando a Ufba obteve nota 4, a comissão de avaliação externa visitou virtualmente a universidade de 14 a 16 de agosto para verificar se as instituições estão atendendo às exigências do MEC e aptas a continuar ofertando cursos e diplomas. Visitadas a cada cinco ou dez anos, as universidades precisam atender cinco eixos: Planejamento e Avaliação Institucional; Desenvolvimento Institucional; Políticas Acadêmicas, Políticas de Gestão e Infraestrutura.
“Essas notas traduzem com exatidão a qualidade do ensino da Ufba, com os corpos técnicos e docentes. Foram índices muito bem avaliados pela comissão, com destaque para as políticas de atendimento dos estudantes”, afirma a pró-reitora do ensino de graduação e uma das coordenadoras do recredenciamento da Ufba, Nancy Vieira
Ela destaca a melhoria nos índices de avaliação, como: as notas 4 e 5 (notas máximas) em 85% dos cursos de graduação da Ufba pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2023; o aumento no Índice Geral de Cursos (IGC), indicador de qualidade do Inep, de 3,50, em 2014, para 3,9259, em 2021; a nota máxima, 5, no recredenciamento da modalidade à distância; e o maior grau de classificação do Índice Integrado de Governança e Gestão Públicas do Tribunal de Contas da União (TCU).
Já o reitor celebra os conjuntos de avanços na área acadêmica. “Um fator que contribuiu foi o conjunto de políticas como a última da política ambiental, além do esforço permanente de seguir produzindo ciência, construindo cidadania e defendendo a democracia apesar das dificuldades”.
A pró-reitora Nancy destaca a aprovação da resolução do Conselho Acadêmico de Ensino, que estabelece as normas para a implementação das diretrizes curriculares nacionais referentes à educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, educação em direitos humanos e educação ambiental.
Mais de 50 mil estudantes, técnicos e professores integram a comunidade acadêmica da Ufba. A universidade baiana foca na ciência com: mais de 180 pesquisadores visitantes contratados desde 2017; publicações de qualidade, com 47% nas melhores revistas acadêmicas; mais de 500 grupos de pesquisa ativos; mais de 160 pesquisas e extensões relacionados à pandemia; seis Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT); mais de cem livros publicados por ano; e mais de 20 obras concluídas desde 2014.
O reitor da Ufba acrescenta que a universidade sempre teve um papel de defesa da democracia, inclusive, durante a última gestão do MEC, que considerou ofensiva contra a universidade, cortando recursos, desrespeitando a autonomia universitária, atacando a democracia interna e negando a ciência e o papel das artes.
“Essa conquista tem um sabor e um significado ainda mais especial porque responde da melhor maneira possível, com trabalho, competência, cuidado e produção aos ataques que, especialmente, a Ufba e as universidades públicas como um todo sofreram, exatamente, daqueles que deveriam estar na linha de frente na defesa à educação pública. Essa nossa nota máxima foi obtida apesar dos ataques e das dificuldades, que sofremos, particularmente, nos últimos anos de governo de Bolsonaro”, pontua.
De acordo com Miguez, a perspectiva para a gestão da Universidade nos próximos anos é positiva. “Eu penso que, neste momento, ingressamos com o novo governo federal num momento que condições para avançar e reconstruir estão sendo criadas. Temos aquilo que é fundamental para uma universidade pública, que é espaço para diálogo, reconhecimento e respeito”, finaliza.