Em uma carta divulgada à sociedade brasileira nesta sexta-feira, 29, a direção da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez duras críticas a “tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, [que] buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral”.
Durante a reunião virtual da 59ª Assembleia Geral, também condenaram a disseminação de fake news e a “manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”.
“O Brasil não vai bem” e “o quadro atual é gravíssimo”, disseram os bispos que, no texto, tratam das consequências da pandemia de Covid-19 para o país e se solidarizam com as mais de 600 mil vítimas que pereceram. “A grave crise sanitária encontrou o nosso país envolto numa complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política, que já nos desafiava bem antes da pandemia, escancarando a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira”, diz a carta.
Na parte do documento que critica as tentativas de ruptura institucional, os religiosos escrevem: “Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em (sic) garantir a transparência e a integridade das eleições”.
A eleição de 2022 também é tema da carta assinada por dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, dom Joel Portella Amado, secretário-geral da entidade, e pelos vice-presidentes dom Jaime Spengler e Mário Antônio da Silva.
“Iremos este ano às urnas. O cenário é de incertezas e radicalismos, mas potencialmente carregado de esperança”, diz o texto. “Nossas escolhas para o Executivo e o Legislativo determinarão o projeto de nação que desejamos. Urge o exercício da cidadania, com consciente participação política, capaz de promover a ‘boa política’, como nos diz o papa Francisco”.