Por Taísa Medeiros
As eleições que o Brasil vivenciará em outubro pouco têm em comum com o longínquo pleito de 2018. Apesar de, naquele ano, os então postulantes ao Planalto Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva já dominarem as pesquisas de intenção de voto, a polarização não era tão acentuada quanto agora. Na avaliação de especialistas, diante desse quadro, será eleito como presidente da República o postulante que tiver o menor índice de rejeição.
Ao mesmo tempo em que lideram a atual corrida pelo Planalto, Lula e Bolsonaro sofrem, também, alta taxa de reprovação. A mais recente pesquisa Ipespe para as eleições presidenciais, divulgada no último dia 22, mostra o chefe do Executivo com a maior rejeição entre os eleitores: 61%. Já o petista aparece com 42%.
Por outro lado, Lula e Bolsonaro cresceram nos índices de intenção de voto. Lula passou de 44% para 45%, em relação ao último levantamento. Já Bolsonaro saiu de 30% para 31%.
Para o analista e consultor político Antônio Augusto de Queiroz, o pleito deste ano já nasce diferente por se tratar de uma concorrência direta entre um presidente e um ex-chefe do Executivo. "Vai ser uma disputa de legados e, por isso, não há espaço para a terceira via numa hipótese dessas. Quando a eleição está polarizada desse jeito, diminuir a rejeição é a condição para um candidato sobrepor-se ao outro", avalia.
Conforme o levantamento do Ipespe, se as eleições fossem hoje, 66% dos votos já estariam definidos. Na pesquisa espontânea — em que o eleitor responde quem escolheria para presidente, sem indicação dos candidatos por parte do entrevistador —, 38% disseram que optariam por Lula, contra 28% que votariam em Bolsonaro.
Na opinião de Queiroz, o fato de que, a seis meses do pleito, um grande número de eleitores afirmar que já tomou sua decisão, pode indicar que, no primeiro turno das eleições, haverá um baixo índice de nulos, brancos e abstenções. "Com o cenário muito polarizado, os apoiadores dos candidatos farão questão de comparecer para demonstrar seu suporte", pontua. De acordo com o especialista, ganhará o postulante que conquistar o eleitorado de centro, se apresentando como menos radical e que, ao mesmo tempo, consiga transmitir à população esperança e confiança.
Arilton Freres, sociólogo e diretor do Instituto Opinião, define esta eleição como "atípica". Ele diz acreditar que nunca houve uma polarização tão acentuada como a atual. "Se você voltar para 2018, naquele momento, ainda havia uma situação de não definição da candidatura de Lula, que estava preso. E Bolsonaro era desconhecido. A realidade, agora, mudou completamente", destaca.