Em Brasília e outras cidades do país, manifestantes bolsonaristas foram às ruas, no 1º de Maio, para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão pela Corte. O presidente Jair Bolsonaro (PL) endossou os protestos, mantendo, assim, o clima de confronto com o Judiciário.
Na capital federal, Bolsonaro circulou entre os apoiadores, mas evitou discursar no carro de som estacionado na Praça dos Três Poderes. "Vim cumprimentar o pessoal que está aqui numa manifestação pacífica e em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade", disse ele, em transmissão ao vivo em redes sociais."Então, parabéns a todos de Brasília, bem como de todo o Brasil, que, hoje (ontem, 1º de maio), estarão nas ruas. Estamos juntos. O Brasil é nosso. Deus, pátria e família", acrescentou.
Em São Paulo, Bolsonaro apareceu em um vídeo ao vivo exibido num telão instalado na Avenida Paulista, onde manifestantes se aglomeravam. Na mensagem, o presidente cumprimentou os manifestantes e voltou a citar que os atos eram em defesa "da liberdade".
A preocupação até entre aliados do governo era que o presidente repetisse o tom beligerante do 7 de Setembro do ano passado, quando levantou suspeitas sobre a lisura das eleições e proferiu ofensas a ministros do Supremo. Os atos de ontem, no entanto, tiveram adesão notadamente menor que o 7 de Setembro e participação mais "tímida" do presidente.
Apesar do endosso aos atos, aliados disseram que Bolsonaro quis fazer um "aceno" ao Judiciário, na tentativa de diminuir a temperatura da crise provocada pela condenação de Silveira pelo Supremo — a oito anos e nove meses de prisão por ataques à democracia e por incitar violência física contra ministros da Corte — e posterior perdão concedido a ele pelo presidente. Recentes declarações de Bolsonaro provocaram reação nas cúpulas do Congresso, do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em defesa da democracia.
O que antes era apontado como um possível evento com discurso golpista pela cúpula do Congresso e do Poder Judiciário virou, nas palavras de interlocutores do presidente, uma "manifestação pacífica em defesa da democracia e da liberdade". "É hora de distensionar, isso é bom para a economia, é bom para o Brasil", afirmou o deputado Capitão Augusto (PL-SP), vice-presidente do partido de Bolsonaro.
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), condenou ontem, no Twitter, o que chamou de manifestações "ilegítimas e antidemocráticas". "Além de pretenderem ofuscar a essência da data (Dia do Trabalhador), são anomalias graves que não cabem em tempo algum", reprovou.