O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) de 11,75% para 12,75% — o maior patamar desde abril de 2017 —, em linha com a expectativa do mercado financeiro, mas na contramão do esperado pelo setor produtivo.
Foi a 10ª alta consecutiva da Selic. Para especialistas, a decisão mostrou que o BC continua preocupado com a inflação, que não dá trégua não apenas no Brasil. Entre os países da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média do custo de vida acelerou 8,8%, no acumulado em 12 meses até março, a maior variação desde outubro de 1988.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou a alta dos juros como "excessiva e equivocada", porque poderá comprometer a atividade e travar o crescimento neste ano. Apesar da melhora nas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, com a possibilidade de queda fora do radar, um cenário de recessão não está descartado para 2023, de acordo com Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original.
Em nota, o Copom sinalizou que, diante das incertezas do cenário econômico, deve promover nova alta da Selic, embora menor, em junho. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude", diz o comunicado. O colegiado enfatizou, ainda, que "os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para as metas".
Ou seja, o Copom deixou a porta aberta para novas altas dos juros, ao contrário da sinalização feita recentemente pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o ciclo do aperto monetário terminaria com a Selic em 12,75%.