O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou a desistência de sua pré-candidatura à Presidência no início da tarde desta segunda-feira (23), na capital paulista. Doria enfrentava resistências internas no PSDB e de partidos da terceira via e fez o anúncio em pronunciamento na Zona Sul de São Paulo.
"Para as eleições deste ano me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", disse Doria. A decisão do tucano é anunciada um dia antes de a executiva do PSDB se reunir para definir como o partido se posicionará na disputa presidencial de outubro.
Doria se reúne com Rodrigo Garcia às vésperas de decisão de PSDB sobre candidatura tucana à presidência
No encontro desta segunda-feira, a cúpula tucana reformou o pedido para Doria retirar a candidatura para consolidar o nome da senadora Simone Tebet (MDB) como candidata da terceira via. Bruno Araújo, presidente do PSDB, estava presente na reunião e no pronunciamento do ex-governador.
Em seu pronunciamento, o ex-governador afirmou que o Brasil "precisa de uma alternativa para oferecer aos eleitores que não querem os extremos". "Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade de cabeça erguida", afirmou o ex-governador.
TERCEIRA VIA: Apesar de ter realizado as prévias, o PSDB manteve contato com outras legendas, como o MDB e o Cidadania, a fim de construir uma candidatura única de centro ao Palácio do Planalto, que tem sido chamada de "terceira via". Seria uma alternativa aos nomes do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT).
Bruno Araújo tem dito que as articulações com outras siglas de centro contaram com a "anuência" de João Doria.
As conversas em torno de uma candidatura única da terceira via, entretanto, não têm avançado. Recentemente, o União Brasil, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE), que estava participando das negociações, anunciou o desembarque do partido do grupo. Segundo Bivar, o União Brasil terá candidatura própria no pleito de outubro.
O impasse dentro do PSDB e a indicação, por meio de pesquisas eleitorais, de uma disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro levaram o ex-ministro das Relações Exteriores e ex-senador Aloysio Nunes a anunciar apoio ao petista na disputa.
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Aloysio Nunes, que é filiado ao PSDB há décadas, disse que Doria “não tem apoio consistente dentro do próprio PSDB”.
E declarou que Lula é o candidato capaz de derrotar Jair Bolsonaro. "Não há hesitação possível. Vou apoiá-lo [Lula] no primeiro turno”, afirmou Nunes.