Em 2022, até maio, 19 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo no Brasil, segundo mostra um relatório preliminar do Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT).
A título de comparação, em todo o ano de 2021 foram registrados 35 homicídios.
4 assassinatos ocorreram no estado do Pará, que teve o maior número de casos: 3 ambientalistas foram assassinados e um sem terra;
Do total de homicídios, 5 foram de indígenas e 2 de quilombolas;
Além disso, ainda de acordo com a CPT, 4 sem terras, 2 assentados e outros 2 pequenos proprietários rurais foram assassinados até maio no país.
Carlos Lima, da coordenação nacional da CPT, avalia que esses números são uma crescente e aponta tanto falhas do governo federal na fiscalização de conflitos por terras no Brasil como numa "certeza" da impunidade que leva ao aumento dos crimes.
"É impossível continuar vivendo com essa situação. A sociedade brasileira tem que agir de imediato e cobrar a defesa das comunidades [...]. Crimes contra os indígenas, contra as lideranças, contra os ambientalistas precisam ser punidos exemplarmente", acrescenta. No início do ano, conforme mostrou o g1, uma família de ambientalistas foi assassinada em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), José Gomes, conhecido como Zé do Lago, a mulher Márcia Nunes Lisboa e a filha Joene Nunes Lisboa foram mortos a tiros.
Ainda de acordo com o MPF, o casal vivia há mais de 20 anos no local e desenvolvia um projeto ambiental de proteção de quelônios, "repovoando as águas do Xingu com filhotes de tartarugas todos os anos".
À época, o Ministério Público Federal afirmou que os fatos eram de extrema gravidade e que se inseriam em um contexto de reiterados ataques a ambientalistas e defensores de direitos humanos no país.