Articulador político do governo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, cobrou dos colegas que atendam as reivindicações de deputados e senadores, se não quiserem enfrentar uma crise ainda pior. Alvo do Centrão, Padilha chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “Pelé” e o vice Geraldo Alckmin de “Tostão”, na reunião ministerial de ontem, mas disse que, embora o governo conte com muitos “craques” na política, ficou com a imagem de ser avesso ao Congresso.
“Cada porta que se fecha para um parlamentar é uma porta trancada para o governo no Congresso”, afirmou Padilha durante a reunião. A fala do ministro soou como um pito nos colegas.
Padilha pediu que todos levem parlamentares a tiracolo nas viagens que fizerem pelo País para inaugurações de obras, porque, se não agirem assim, o Executivo sofrerá retaliações e eles podem até mesmo ser convocados para depor em CPIs.
Acusado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de uma série de falhas na articulação política, Padilha disse ter enviado “mais de 400″ nomes indicados por parlamentares para ocupar cargos nos Estados, mas percebeu que nada saiu do papel.
O Centrão cobra que o governo libere cargos. Mas, pelo relato de Padilha, os ministérios não encaminharam as indicações para o Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc), abrigado na Casa Civil.
Nos bastidores, ministros põem a culpa pelo atraso nas nomeações justamente na Casa Civil, comandada por Rui Costa, que demora a fazer um “pente fino” nos currículos dos aliados não petistas.
Durante a reunião de ontem, no entanto, Padilha disse que, se os ministérios não encaixam as indicações no Sinc, a Casa Civil não tem como fazer a análise dos nomes.
A demora no preenchimento de cargos como os da Codevasf, Dnit, Suframa e Caixa e também a falta de liberação das emendas parlamentares são as principais queixas do Centrão contra o governo.
Lira chegou a sugerir a Lula, recentemente, que trocasse os seus interlocutores com o Congresso. Lira propôs que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assumisse a articulação política do governo. No desenho idealizado por Lira, o atual secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo – indicado para uma diretoria do Banco Central – poderia ir para a Fazenda. Lula não aceitou.
Prestes a deixar o cargo, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, usou uma frase do escritor Mário Sérgio Cortella para definir sua situação. “Faça o seu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda”, disse ela.
Daniela pediu a desfiliação do União Brasil e o partido pressionou Lula por sua substituição na equipe. O mais cotado para o lugar de Daniela é o do deputado Celso Sabino (União Brasil- PA), ligado a Lira.
Em sua exposição, Daniela mostrou um vídeo produzido pelo Turismo para divulgar o Brasil no exterior. Lula disse, então, que faltavam ali as imagens de Santarém, no Pará, onde o rio Tapajós se encontra com o Amazonas. Não foram poucos os que notaram que Pará é o Estado de Celso Sabino.