A 29ª edição do Grito dos Excluídos reuniu diversos grupos em Salvador, nesta quinta-feira (7), para pedir justiça e proteção para o povo negro e quilombola. Na ocasião, os manifestantes carregavam cartazes e fotos de familiares e amigos que foram vítimas da violência, entre eles, A concentração do público começou por volta das 8h30, no Largo do Campo Grande, em frente ao Teatro Castro Alves. Entre os manifestantes, estava a jovem Pâmela Rodrigues, de 21 anos, viúva do quilombola José William dos Santos Barros, que morreu no dia 27 de agosto, em Juazeiro, no norte da Bahia. Ele deixou um filho de 4 anos.
"A gente veio pedir justiça pelo que fizeram com ele. A polícia matou ele covardemente e ele não era o que eles falam. Eles disseram que William estava com arma, mas ele não estava. A gente passou o dia junto com o filho dele e com a família, e infelizmente eles fizeram isso", desabafou.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a morte do jovem quilombola ocorreu durante a intervenção de policiais militares e que, conforme relatado na ocorrência, o suspeito estava em uma motocicleta quando entrou em confronto com os militares. Ele foi socorrido pelos PMs para o Hospital Regional, mas não resistiu, e uma arma de fogo foi apreendida. O caso é investigado pela 1ª delegacia de Juazeiro. "Nós estamos indo para 12 assassinatos de quilombolas. O assassinato da mãe Bernadete chocou o Brasil e o mundo, porque a própria ONU [Organização das Nações Unidas] está atenta a isso. Então a Educafro pleiteou a indenização para os grupos quilombolas e comunidades negras, e tem feito vigílias. A gente só vai parar as vigílias quando, de fato, os crimes forem elucidado", disse Lucas. "Nós entendemos que os brancos ladrões, a polícia não trata atirando, a polícia dá a eles o direito ao devido processo legal. Nós queremos que a polícia apenas trate igualmente o povo negro, como trata o povo branco, de modo que a polícia pare de ser racista", pediu.
Frei Davi questionou, ainda, o processo de formação dos policiais, que ele considera "muito superficial".
"É isso que gera nos policiais a ideia de que todo negro é ladrão, que tem que ser assassinado para diminuir a criminalidade. Na verdade, transforma os nossos agentes, que são os policiais pagos por nós, em bandidos, assassinos, porque quando o policial mata um jovem negro, mesmo ele estando errado, o policial está comentando um crime, está sendo injusto como a lei", comentou.