Comandante do Exército, o general Tomás Paiva tratou de desfazer, de forma categórica, a ideia de que as Forças Armadas seriam uma espécie de 'poder moderador' da democracia brasileira. Em declaração neste sábado ao blog da jornalista Andréia Sadi, o militar assegura que a inst tuição não esteve, em momento algum, envolvida no planejamento ou na execução do golpe de Estado fracassado após as eleições de 2022. O fato, de acordo com o general, não é favor algum e as tropas não fizeram nada além do que sua obrigação ao defender o Estado democrático e de direito. Tomás Paiva acrescentou não ter tido acesso e ter tomado conhecimento pela imprensa do trecho da delação em que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), diz ter presenciado reuniões em que Bolsonaro e militares teriam tratado de um golpe militar. O comandante do Exército afirmou, em seguida, poder assegurar que o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandou o Exército durante parte do governo Bolsonaro, não aceitou nenhum golpe.
— E faço questão de sempre dizer isso: O Exército não tem que ser enaltecido por cumprir a lei. É obrigação. Não tem mérito — disse o general.
De acordo com a delação de Mauro Cid, a reunião serviu para discutir detalhes de uma minuta que abriria a possibilidade para uma intervenção militar. Se tivesse sido colocado em prática, o plano de golpe impediria a troca de governo no Brasil. Cid afirmou que o "então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente". Já o comando do Exército afirmou que não embarcaria no plano golpista.
Voz de prisão:
Ainda conforme apurou a jornalista Maria Cristina Fernandes, do diário 'Valor Econômico', foi o general Freire Gomes que disse a Bolsonaro que o Exército não compactuava com um golpe e ainda o ameaçou:
Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo.
Tomás Paiva adiantou também que aguarda os desdobramentos do Judiciário para poder dar prosseguimento a medidas administrativas contra militares envolvidos em ilegalidades. O comandante disse, por fim, ser favorável que as condutas sejam individualizadas e apuradas para que a corporação, como um todo, não seja penalizada por erros de alguns de seus integrantes.