Com a decisão do governo de enviar uma proposta limitada ao Congresso para tentar controlar o preço do diesel, apenas com a redução de impostos federais, aliados do presidente Jair Bolsonaro temem que a oposição se torne protagonista na discussão de um fundo de estabilização dos combustíveis.
Por isso, ministros políticos da equipe de Bolsonaro conversam com o futuro líder do governo no Senado, Alexandre Silveira (PSD-MG), para propor um texto alternativo. Essa proposta abarcaria a criação de um fundo de estabilização mais amplo, com vistas à combater a volatilidade dos derivados de petróleo no médio e longo prazo.
O governo foi alertado de que o Senado quer apressar as discussões de um projeto do senador Jean Paul Prates (PT-RN), que cria um programa de estabilização do preço do petróleo de derivados. Se esse texto andar, o governo veria a oposição dominar a discussão sobre como conter a disparada do preço dos combustíveis.
Na última semana, o blog revelou que o governo havia desistido de criar um fundo de estabilização para os combustíveis por falta de recursos. Mesmo que focasse apenas no diesel e GLP (gás de cozinha), o fundo teria que receber um aporte estimado em R$ 60 bilhões. Optou, portanto, apenas em reduzir impostos do diesel – informação confirmada nesta segunda-feira (31) pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A medida repete uma ação que o governo chegou a fazer por três meses no ano passado, mas que não teve efeito prático nos preços final, pago pelos consumidores, porque o preço do barril de petróleo seguiu subindo. O custo estimado pela área econômica é de perda de arrecadação de cerca de R$ 18 bilhões.
Impacto eleitoral
Mesmo sem incluir a gasolina e etanol no novo plano, também pelos custos que traria aos cofres públicos, o governo quer agir para conter a escalada no preço do diesel. O foco da preocupação é o custo para o transporte urbano – municípios negociam reajustes nas passagens, o que tem alto impacto eleitoral – e a insatisfação de caminhoneiros, constante preocupação de governos.
A necessidade de o governo agir neste momento é também eleitoral. Bolsonaro e seus aliados querem dar uma resposta à reclamação da população sobre a escalada no preço dos combustíveis.