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Economia

Volume de etanol importado segue baixo e imposto de importação zero deve ter impacto mínimo nos preços

Etanol importado teve participação de apenas 4% nas vendas do combustível no mercado doméstico em 2021. Analistas alertam que decisão do governo de Isenção de eliminar o imposto de importação dificilmente irá reduzir preço da gasolina nos postos.

Publicada em 25/03/2022 às 09:05h

por G1.com


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 (Foto: G1.com)

O volume de etanol importado pelo Brasil permanece muito baixo e a isenção de imposto para a importação do biocombustível anunciada na segunda-feira (21) pelo governo deve ter pouco ou nenhum impacto no mercado doméstico e no preço da gasolina para os consumidores, alertam especialistas.

Levantamento da consultoria Tendências, a partir de dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), mostra que as importações de etanol anidro (utilizado na composição da gasolina no Brasil) representaram em 2021 apenas 4,07% das vendas totais do combustível no país. Em janeiro (último dado oficial disponível), a participação foi de apenas 2,55%.

Já a participação das importações de etanol hidratado (usado diretamente para abastecer os carros) é irrisória: 0,001% na média de 2021 e de 0,03% em janeiro de 2022.

No anúncio da isenção da tarifa, o Ministério da Economia estimou que a redução da tarifa do etanol importado – de 18% para zero – pode baratear a gasolina nas bombas de combustível em até R$ 0,20 por litro. O impacto na gasolina se daria porque o combustível, na sua mistura atual, tem 27% de álcool anidro.

Os analistas avaliam, porém, que a medida deve representar pouco ou quase nenhum estímulo para as importações, uma vez que o etanol de milho dos EUA (principal produto importado) ficou mais caro em meio à disparada dos preços das commodities no mercado internacional após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

"O preço do milho no mercado externo está muito caro, então importar o etanol dos EUA não tem como ser mais barato. Um estímulo à importação seria se os preços lá fora estivessem menores, mas isso não vai acontecer esse ano por conta dessa questão do milho e da guerra na Ucrânia", afirma Gabriela Faria, economista da Tendências.

O economista Rodrigo Botão, da GO Associados, também avalia que a tentativa do governo de reduzir o preço da gasolina e atenuar a inflação via tarifa zero para importação de etanol deve acabar sendo frustrada.

"O impacto será irrisório no preço da gasolina", afirma destacando que os volumes totais de etanol importado "são muito baixos", tendo registrando inclusive uma expressiva queda de 57,9% no comparativo com 2020. "Compreendemos que esta medida terá pouco impacto na redução da inflação".

A forte queda do volume importado no ano passado é explicada principalmente pela quebra na safra de cana-de-açúcar após geadas no Centro-Sul do país, o que fez disparar os preços do etanol, estimulando os produtores a produzir um volume maior de etanol anidro, que possui um percentual obrigatório de 27% na mistura da gasolina vendida nos postos.

"Os preços do etanol ficaram caros, logo os produtores decidiram destinar mais volume para a gasolina e a gente importou menos etanol anidro por uma questão de demanda", afirma a economista da Tendências, destacando que entre 2017 e 2020, o etanol importado teve participação de mais de 10% nas vendas no mercado doméstico.

Tendência de queda dos preços com início de safra

Procurada pelo g1, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) não quis se manifestar sobre o fim do imposto de importação do etanol. Informou apenas que, em janeiro e fevereiro, foram importados 90,2 milhões de litros de etanol.

Mesmo com o aumento das vendas e do preço do etanol nos pontos nas últimas semanas, em meio ao forte reajustes nos preços da gasolina, os especialistas afirmam que o preço do etanol brasileiro tende a cair naturalmente nos próximos meses por conta da nova safra de cana, que começa em abril.

"A oferta de etanol vai aumentar nos próximos meses. A expectativa é que haja uma melhora porque no ano passado teve uma quebra da safra de cana de açúcar. Então, existe uma tendência de queda dos preços do etanol, independentemente de importação", explica Faria.

Vale lembrar, porém, que o preço da gasolina para o consumidor depende também do preço do petróleo e do câmbio, uma vez que desde 2016 a Petrobras adotou a chama de paridade internacional, repassando, repassando as altas do petróleo no mercado internacional para o valor cobrado em suas refinarias.

O preço do petróleo Brent – principal referência internacional – tem oscilado nos últimos dias ao redor de US$ 120 o barril, após ter atingido no início do mês a cotação de US$ 139 o barril, a maior desde 2008. Apesar do recuo, ainda acumula um salto de mais de 50% no ano.

O governo zerou os impostos de importação sobre etanol e outros 6 produtos até 31 de dezembro, o que também foi considerada uma medida eleitoreira, já que Jair Bolsonaro vai concorrer à reeleição e o governo busca um discurso para rebater ataques sobre a alta dos combustíveis.




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