A taxa de evasão escolar de alunos entre 5 a 9 anos saltou de 1,41%, no último trimestre de 2019, para 4,25%, no mesmo período de 2021 — a taxa é 128% mais alta. Os números foram divulgados, ontem, pela pesquisa Retorno para Escola, Jornada e Pandemia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com o levantamento, o ápice da evasão escolar foi no terceiro trimestre de 2020, quando 5,51% das crianças deixaram as salas de aula. Isso fez com que o país recuasse mais de uma década, aos níveis observados em 2007.
“Os mais novos saíram mais da escola e retornaram menos aos bancos escolares. Há um ciclo de saída da escola ao longo do ano letivo que deve ser combatido desde o seu início, pois, aí, se estabelece um piso da taxa de evasão do ano”, salientou no relatório o diretor da FGV Social, Marcelo Neri. Os cálculos que embasaram a pesquisa foram feitos a partir dos microdados da PNAD Covid, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento da FGV, há várias explicações para a evasão escolar durante a pandemia quando se leva em consideração as faixas etárias. Por exemplo: para as crianças, a questão que mais pesou foi o “distanciamento social rigoroso”. De acordo com o estudo, 39,1% dos menores entre 5 a 9 anos estavam isolados. A média é maior que a dos idosos, que contabilizaram 23,9% em setembro de 2020.
O estudo também mostrou que os alunos de baixa renda foram os que mais perderam horas de estudo durante a crise sanitária. “Os alunos que ganham o Bolsa Família tiveram uma perda de duas horas, de 4h01 para 2h01, em suas rotinas de estudo, entre 2006 e 2020”, revelou a análise. As regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas e, no Acre, os alunos passaram menos de duas horas estudando.