O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu na terça-feira (17) em Pequim o seu “amigo”, Vladimir Putin, lançando do terceiro Fórum "Novas Rotas da Seda", num momento em que os olhos do mundo estão voltados para a guerra Israel-Hamas.
“O presidente Xi Jinping cumprimentou o presidente Vladimir Putin na sua chegada, os dois líderes tiveram uma breve conversa”, anunciou a diplomacia russa numa mensagem publicada no X (antigo Twitter).
A China receberá representantes de cerca de 130 países até quarta-feira (18) para o Fórum “Novas Rotas da Seda” (oficialmente denominado “Cinturão e Rota”), um grande evento diplomático que tem como convidado de honra o presidente russo.
Putin realiza sua primeira viagem a uma grande potência mundial desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, que isolou a Rússia no cenário internacional.
O presidente russo visitou apenas o Quirguistão desde o mandado de detenção emitido contra ele, em março, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) – do qual a China não é membro – pela “deportação” de crianças ucranianas.
Putin e Xi reuniram-se na noite de terça-feira na cerimônia de abertura do fórum, de acordo com um vídeo divulgado pelo ministério das Relações Exteriores da Rússia, que mostrava os dois líderes apertando as mãos e trocando gentilezas. Eles também participaram de uma foto em grupo com representantes de outros países.
Intercâmbio com um país da EU:
Depois de uma reunião com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que mantém laços com Moscou, apesar da guerra na Ucrânia, Putin sublinhou que era "muito importante poder fazer intercâmbio com um país da União Europeia".
No banquete de abertura, o presidente chinês fez um brinde no qual fez referência aos conflitos geopolíticos, mas afirmou que “as tendências históricas em direção à paz, ao desenvolvimento, à cooperação e aos ganhos mútuos eram irreprimíveis”, segundo a agência oficial New China.
Um encontro entre Putin e Xi está marcado para quarta-feira, em um contexto em que a guerra se intensifica entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas.
Os dois homens “discutirão de forma amigável e franca (…) problemas urgentes de cooperação prática bilateral e da agenda internacional”, explicou o Kremlin.
Os países ocidentais têm apoiado principalmente Israel desde 7 de outubro, quando combatentes do Hamas cruzaram a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Estado judeu para massacrar mais de 1.400 pessoas – a maioria delas civis.
Washington pediu a Pequim para que use a sua “influência” para acalmar a situação na região, onde os bombardeios de retaliação israelenses em Gaza mataram pelo menos 2.750 pessoas, a maioria civis palestinos, segundo as autoridades locais.
Em março, a China patrocinou o acordo para restabelecer as relações diplomáticas entre o Irã – que apoia o Hamas – e a Arábia Saudita.
Pequim também enviará seu responsável pela relação com o Oriente Médio, Zhai Jun, à região esta semana. Nenhum detalhe foi dado sobre sua viagem, mas a televisão estatal CCTV disse que ele pressionaria por um cessar-fogo e negociações de paz.
A Rússia, que tradicionalmente mantém boas relações com as autoridades israelenses e palestinas, pediu um “cessar-fogo imediato” no conflito.