A Argentina vive, nesta quinta-feira (14), mais um dia de protesto contra o governo de Alberto Fernández.
Milhares de desempregados e trabalhadores informais se concentraram no Obelisco, em Buenos Aires, para se manifestar contra o agravamento da crise social e exigir o aumento de auxílios governamentais para enfrentar os constantes aumentos de preço.
No fim da tarde desta quinta (14), o Instituto de Estatísticas e Censos do país divulgará a inflação para o mês de junho. Em maio, o índice foi de 5,1%, somando 29,3% desde janeiro e 60,7% em um ano.
Os manifestantes partiram do Obelisco e iniciaram uma passeata até a Praça de Maio, em uma medida de pressão o ministério da Economia, localizado a metros da Casa Rosada, sede do governo argentino.
Eles também pedem o fim de ajustes econômicos.
“O governo tem que decidir se quer atender os interesses das classes dominantes ou dos 20 milhões de pobres da Argentina que caíram do sistema e continuam caindo todos os dias”, disse à CNN, Alejandro Ignaszewsky, da Organizações Livres do Povo (OLP).
Nesta semana, a nova ministra da Economia da Argentina, Silvina Batakis, que assumiu após a renúncia inesperada do então ministro Martín Guzmán, disse que cumprirá as metas fiscais acordadas com o Fundo Monetário Internacional, com quem a Argentina tem uma dívida de cerca de US$ 44 bilhões.
“Ela falou para os mercados, para os formadores de preços, sem dar nenhuma sinalização para os setores populares”, queixou-se o dirigente social.
O clima de insatisfação é cada vez mais evidente nas ruas argentinas.
Ontem, a Mesa de Enlace, que reúne importantes entidades agrárias do país, realizou um cesse de comercialização por 24 horas e uma manifestação na província de Entre Ríos.
A agroindústria é responsável por grande parte da entrada de divisas estrangeiras no país, afirma ser visto pelo atual governo somente como uma fonte de arrecadação, e que não há medidas que preveem o crescimento do setor.
No último sábado, dia em que o país comemorou a independência, as ruas de Buenos Aires também foram tomadas por protestos.
Separadamente, grupos mais à esquerda do governo e setores de oposição à direita foram até a Praça de Maio contra políticas do governo Fernández.
A principal demanda dos manifestantes à direita era a saída da vice-presidente Cristina Kirchner, enquanto os esquerdistas pediam que a Casa Rosada rompa o acordo assinado com o FMI.