O papa Francisco disse neste domingo (6) que as mulheres que ele nomeou no Vaticano têm provado que podem ser melhores gerentes do que os homens e que havia muito chauvinismo masculino na Igreja Católica Romana e na sociedade em geral.
O papa fez seus comentários durante uma entrevista coletiva de dentro do avião que retornava a Roma após sua viagem de quatro dias ao Bahrein.
"Percebi que toda vez que uma mulher recebe um cargo (de responsabilidade) no Vaticano, as coisas melhoram", disse ele.
Francisco foi questionado sobre as mulheres na linha de frente dos protestos no Irã, mas ele não respondeu à pergunta, focando no tema do papel das mulheres em geral.
Falando de mulheres que ele nomeou para cargos gerenciais, o papa mencionou a irmã Raffaella Petrini, vice-governadora da Cidade do Vaticano, que é efetivamente a mulher mais poderosa do Vaticano, responsável por cerca de 2 mil funcionários.
"As coisas mudaram para melhor", disse ele, referindo-se às habilidades de gestão de Petrini, que foi nomeada no ano passado.
O papa Francisco também disse neste domingo que a Igreja Católica "trabalha da melhor maneira possível" contra a pedofilia dentro da instituição e lamentou que ainda haja quem "não veja as coisas com clareza".
"Para um sacerdote, o abuso [sexual] é como agir contra sua própria natureza sacerdotal e contra sua natureza social. Por isso é algo trágico, que não devemos deixar de combater", disse o papa durante a coletiva de imprensa no avião.
"Trabalhamos da melhor maneira possível, mas há pessoas dentro da Igreja que não veem as coisas com clareza (...). É um processo contínuo, que levamos adiante com coragem, mas nem todos têm essa coragem", acrescentou.
"Havia coisas que estavam escondidas. Antes do escândalo de Boston, eram transferidas as pessoas" envolvidas, enviadas para outras arquidioceses, explicou o papa, referindo-se às revelações que abalaram a Igreja nos Estados Unidos no início dos anos 2000.
"Agora, tudo está claro e estamos avançando nessa questão", continuou ele. "A vontade da Igreja é esclarecer tudo", superando "a tentação do compromisso", destacou.
"A Igreja tem que se envergonhar do que fez de errado e agradecer a Deus pelas coisas boas que fez", declarou.