O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chegou nesta quarta-feira (21) a Washington DC, nos Estados Unidos, para encontros com o presidente Joe Biden e com os congressistas —deve haver uma sessão em conjunto de deputados e senadores para ouvir o ucraniano.
Trata-se de uma viagem histórica: é a primeira vez que Zelensky deixa a Ucrânia desde o início da guerra no país, em 24 de fevereiro.
Os EUA fornecerão US$ 1,85 bilhão (R$ 9,6 bilhões) em assistência militar adicional para a Ucrânia, incluindo a transferência de um sistema de defesa aérea chamado Patriot.
Durante o encontro, o presidente Biden citou diversas vezes essa doação do sistema de defesa aérea , que é considerado eficaz e caro. Essa doação, segundo Biden, não deve implicar uma escalada da guerra, já que o sistema é para defesa, e não para atacar os russos.
Na sequência, o ucraniano seguirá ao Capitólio - o prédio do Congresso dos EUA- onde discursará durante uma reunião conjunta da Câmara dos Deputados;
Todos os eventos acontecerão ainda nesta quarta-feira.
Agradecimentos na Casa Branca:
Joe Biden deu as boas-vindas à Casa Branca ao líder ucraniano com renovadas garantias de apoio dos EUA em meio à contínua investida da Rússia contra a Ucrânia.
O americano voltou a criticar a guerra. Ele afirmou que a invasão é inacreditável, e descreveu as ações da Rússia como "um ataque brutal ao direito da Ucrânia existir como nação".
Biden citou ataques a pessoas inocentes na Ucrânia apenas para intimidá-los, atacando civis, orfanatos, hospitais, escolas e grandes marcos do país.
"Agora eles (os russos) estão tentando usar o inverno como uma arma contra o povo ucraniano, mas o povo ucraniano continua a inspirar o mundo. Digo isso com a maior sinceridade, não apenas inspirar a nós, mas inspirar o mundo com a sua coragem e a forma como escolheram a resiliência no seu futuro", disse Biden.
Ele reiterou o apoio do governo dos EUA com ajuda financeira, humanitária e sistemas de segurança: "Nós vamos fortalecer a capacidade da Ucrânia de se defender, especialmente defesa aérea, e é por isso que os EUA estamos dando mísseis e treinando as forças para usar adequadamente os mísseis".
Zelensky dá medalha para Biden:
"Obrigado antes de tudo", disse Zelensky ao presidente dos Estados Unidos. "É uma grande honra estar aqui".
Depois de agradecer, o presidente ucraniano contou que esteve perto de Kherson e conversou com um capitão da bateria de mísseis antiaéreos, e que esse militar pediu para que Zelensky levasse a medalha que havia recebido do exército para dar de presente a Biden.
Zelensky, então, presenteou Biden com a medalha, que agradeceu pelo objeto e disse que estava muito honrado. Ele lembrou do próprio filho, que serviu o exército dos EUA no Iraque.
O que os EUA vão entregar aos ucranianos:
Durante a entrevista coletiva, os dois falaram sobre a necessidade de manter a união e sobre o apoio dos EUA à Ucrânia.
Uma repórter ucraniana perguntou por que os EUA não dão para as forças ucranianas tudo o que precisa para vencer os russos —ou seja, armas mais poderosas.
Zelensky, em tom de humor, disse que concordava com a repórter.
Biden, no entanto, afirmou que isso poderia implicar uma escalada da guerra —ele disse que não há interessados em uma guerra mundial.
O presidente americano afirmou que o apoio está focado em quatro tipos de ajuda militar:
Defesa aérea;
Sistemas de artilharia;
Tanques e veículos armados;
Munição
Biden afirmou em outros momentos da entrevista que a luta da Ucrânia "é parte de algo maior" —ou seja, que se outros países ficarem parados, o mundo enfrentará mais ameaças dos russos.
Ele também citou diversas vezes a ajuda que os EUA deram aos ucranianos porque acreditam na luta da Ucrânia.
Somente a paz não é suficiente, diz Zelensky:
O presidente Zelensky afirmou que a Rússia precisa ser responsabilizada por tudo o que fez contra os ucranianos. Ele afirmou que não abre mão da integralidade territorial de seu pais (ou seja, ele não vai aceitar ceder regiões da Ucrânia).
O líder ucraniano também sinalizou que ele entende que a Rússia deve pagar pelos estragos que causou.
Mais compromissos:
A assessoria de Zelensky ainda não informou se ele terá compromissos na capital norte-americana na quinta-feira.
A visita acontece em um momento em que os EUA aumentaram o envio de armas de última geração para a Ucrânia.
Os EUA encabeçam a lista de países do Ocidente que vêm abastecendo fortemente a artilharia ucraniana, o que permitiu a Kiev colocar em prática uma ambiciosa operação de reconquista de território ocupados pela Rússia.
Em meados de novembro, as tropas ucranianas conseguiram reconquistar Kherson, uma das primeiras cidades inteiramente ocupada por Moscou, que já havia inclusive imposto o uso da moeda russa no local.
Em visita recente a Kherson, Zelensky chegou a dizer que o movimento era o início do fim da guerra em seu país.
Mais dinheiro para enfrentar os russos:
O anúncio de mais dinheiro e da transferência do sistema Patriot foi feito pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em um comunicado.
"A assistência de hoje pela primeira vez inclui o Sistema de Defesa Aérea Patriot, capaz de derrubar mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos de curto alcance e aeronaves em um teto significativamente mais alto do que os sistemas de defesa aérea fornecidos anteriormente", disse Blinken em seu comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.
Zelensky disse anteriormente que sua visita aos EUA visava fortalecer a "capacidade de resiliência e defesa" da Ucrânia em meio a repetidos ataques russos de mísseis e drones às capacidades de fornecimento de energia e água do país no auge do inverno no Hemisfério Norte.