Em mais um dia de crise que se arrasta no Peru desde o início de dezembro, manifestantes entraram em confronto violento com a polícia nesta quinta-feira (19).
Os manifestantes pedem a renúncia de Dina Boluarte, presidente do país, e a convocação de novas eleições. Boluarte assumiu o poder em dezembro de 2022 após Pedro Castillo fracassar em uma tentativa de autogolpe e ser preso.
Em Lima, nesta quinta, a polícia usou gás lacrimogêneo para tentar evitar a chegada de um grupo ao Congresso. Houve confronto no centro da cidade, na avenida Abancay. Os manifestantes lançaram pedras arrancadas da calçada contra os agentes, disseram repórteres da agência AFP.
"[Em Lima, as autoridades mobilizaram] 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas", disse o chefe da Região Policial Lima, general Víctor Zanabría.
Um prédio da capital que fica próximo da praça San Martín pegou fogo durante o confronto, mas autoridades ainda não informaram o que provocou o incêndio.
Em Arequipa, segunda maior cidade do país, foi registrado um confronto entre as forças de segurança e mil manifestantes que tentaram invadir o aeroporto e foram repelidos com gás lacrimogêneo, segundo TVs locais. O aeroporto de Arequipa suspendeu as operações por motivos de segurança.
O serviço ferroviário entre Cusco e a cidadela inca Machu Picchu, joia do turismo peruano, também foi suspenso, indicou a operadora.
Pouco depois dos conflitos, ainda nesta quinta, Boluarte fez um pronunciamento afirmando que a situação foi controlada e que "o governo está firme e o seu gabinete mais unido do que nunca".
"Ao povo peruano, aos que querem trabalhar em paz e aos que geram atos de protesto, digo: não me cansarei de chamá-los ao bom diálogo, dizendo-lhes que trabalhem pelo país", disse a presidente.
"Todo o rigor da lei vai cair sobre essas pessoas que praticam vandalismo", disse.
As autoridades confirmaram 54 mortes desde o início da crise no país, que começou em 7 de dezembro. Segundo o governo, 44 pessoas morreram em protestos e 9 em incidentes ligados a bloqueios nas estradas. A outra morte foi de um policial.
Ainda nesta quinta, segundo a Defensoria do Povo, um manifestante foi baleado no tórax durante um protesto em Macusani, na região de Puno. Na véspera, quarta (18), também em Macusani, uma mulher morreu após ser baleada. Na ocasião, uma multidão incendiou uma delegacia e a sede do Poder Judicial.