“Você é o cara. Você é o melhor. Amanhã consolida, é você!”. Essas foram umas das últimas frases ditas por Jaques Wagner (PT) no sábado, dia 3, antes de encerrar a ligação para o o ex-deputado federal Joseph Bandeira (PSB). O senador entrou em contato com o, agora, ex-aliado para informar que no dia seguinte ele seria confirmado candidato a prefeito de Juazeiro pelo grupo. Não fez reservas quanto ao assunto, apenas pediu que Bandeira aguardasse passar o frisson da convenção que consagrou Geraldo Jr. (MDB) candidato a prefeito de Salvador em evento realizado, no último dia 4, na Arena Fonte Nova.
O ex-prefeito de Juazeiro dormiu em êxtase com a notícia. Acordou, no domingo, sabendo pela imprensa que a cúpula petista havia voltado atrás na decisão e mantido a aposta na candidatura do inelegível Isaac Carvalho (PT). Conforme antecipou com exclusividade este Política Livre na última terça-feira (6), esse foi o estopim do rompimento de Bandeira com o PT. Mas não foi o único, conforme descobriu a reportagem.
“Joseph foi sacaneado lá atrás pelo PT, em 2012. Ele foi eleito prefeito de Juazeiro pelo PT, mas o partido tomou a legenda dele na Justiça num longo processo que foi parar em Brasília”, confidenciou um aliado. Antes disso, em 1989, Bandeira já havia sido prefeito do município pelo extinto PTB, hoje Partido Renovação Democrática (PRD). Ele foi o único prefeito baiano a apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Depois do episódio de 2012, rompeu com o partido de Lula e encontrou abrigo no PSB, onde permanece até hoje.
Uma fonte do entorno revelou a este Política Livre que assim que soube da investida do PT, Joseph Bandeira ligou para a presidente estadual do PSB, deputada federal Lídice da Mata. Ela teria ficado “estupefata” com o desenrolar dos fatos que, até então, também não tinha conhecimento. Lídice tentou a todo custo, conforme a fonte, dissuadir o aliado da decisão de romper com o grupo, mas ele se mostrou irredutível. Ele teria dito à líder que “se não me querem, eu vou embora” e que “gosta de briga, mas que não iria brigar”.
Embora tenha afirmado durante coletiva de imprensa, na semana passada, esperar o retorno de Joseph Bandeira a base do PT, o governador Jerônimo Rodrigues não moveu uma palha sequer para que isso acontecesse. Depois da notícia do rompimento, o juazeirense não foi contatado por nenhuma figura nem de baixa, nem de alta patente da cúpula do governo. “Ninguém entrou em contato com ele. Ele não foi chamado para conversar nem com Jerônimo nem com Rosemberg nem com nenhum secretário. E a essa altura nem adiantaria porque ele não poderia mais aceitar ser candidato”, frisou.
Num cenário que vem “entrando água” desde o princípio, emissários do governo já dão como certa a reeleição da opositora Suzana Ramos (PSDB) em Juazeiro. Vitória Bandeira (Solidariedade), filha de Joseph, foi confirmada na sexta-feira (9), vice na chapa.