Rui Costa levou bordoadas de todos os lados por ter dito que ‘Brasília é uma ilha da fantasia’ e que as pessoas lá deveriam ‘passar debaixo de viadutos para ver as favelas’. O governador Ibaneis Rocha reagiu na baixaria: ‘Idiota”.
Rui falou num evento em Itaberaba e a coisa bateu forte lá no Planalto Central por uma razão elementar: ele não é um qualquer, é o ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Ou seja, tem o que chamam na ciência política de lugar de fala poderoso. E justo por isso talvez fosse melhor ficar calado, mas só por isso. Olhando Brasília entre o aeroporto e a Esplanada dos Ministérios é isso mesmo que enquadra o ponto de vista da quase totalidade dos nossos digníssimos representantes.
No umbigo —De Brasília parece que os políticos estão ilhados, sem preocupação de vislumbrar qualquer coisa no horizonte que não seja o próprio, os seus interesses políticos.
Não veem a pobreza, nem de longe enxergam as centenas de pessoas que estão espalhadas pelo centro de São Paulo com a cracolândia e também muitos outros pontos do Brasil como o Centro Histórico de Salvador.
Pior que isso, o tecido social brasileiro dá sinais terroristas quando os tiroteios espoucam pelos quatro cantos sem que haja sequer uma discussão séria sobre o assunto.
Pelo contrário, em Brasília também há sempre alguém disposto a disparar na guerra do jogo político. É por aí que Rui não devia ter falado. O grito de Ibaneis ganha força.