O Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado neste inicio de semana aponta que, em âmbito nacional, a curva mantém sinal de queda nas tendências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), tendência de longo (últimas seis semanas) e curto prazo (últimas três semanas).
Os registros de Sars-CoV-2 mantém predomínio entre os casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios em todas as faixas etárias analisadas.
No entanto, apesar da manutenção do cenário de queda na população em geral, a incidência de SRAG em crianças apresenta ascensão significativa em diversos estados ao longo do mês de fevereiro. Dados laboratoriais preliminares sugerem possível aumento nos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na faixa etária 0-4 anos, e interrupção de queda nos casos associados ao Sars-CoV-2 (Covid -19) na faixa de 5 a 11 anos.
Apenas uma das 27 unidades federativas (o Acre) apresenta sinal de crescimento dos casos de SRAG na tendência de longo prazo até a Semana Epidemiológica 8 de 2022, período de 20 a 26 de fevereiro. Duas outras (o Distrito Federal e Rio de Janeiro) apresentam indícios de crescimento na tendência de curto prazo, atribuídos fundamentalmente ao sinal de aumento nos casos de SRAG em crianças no mês de fevereiro. A análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 28 de fevereiro.
"No agregado nacional, observa-se cenário de queda em todas as faixas etárias da população, exceto nas crianças de 0-4 a 5-11 anos que apresentam sinal de crescimento acentuado. Dados laboratoriais preliminares sugerem que no grupo de 0 a 4 anos, isso possa estar associado à interrupção da queda nos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório [VSR]", observa o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. Gomes explica que na faixa etária de 5-11 anos os dados laboratoriais preliminares sugerem interrupção de queda nos resultados positivos para Sars-CoV-2 (Covid-19), diferentemente do que se observa nos demais grupos etários.
O coordenador do InfoGripe ressaltou também que neste momento em que as crianças ainda não completaram o ciclo de vacinação contra a Covid-19, o risco para elas é relativamente mais alto, ainda que os casos na população em geral estejam diminuindo.
"Em função disso, é importante que os responsáveis levem suas crianças para os postos de vacinação e estejam atentos à data para a segunda dose", disse Marcelo. Além disso, ele chamou a atenção para da importância de toda a população manter cuidados básicos como o uso de boas máscaras principalmente em ambientes internos como lojas, mercados, salas de aula e transporte público, por exemplo, e evitar locais com muita gente, para diminuir o risco de acabar levando o vírus para os mais vulneráveis. "Isso também vai ajudar a proteger de outros vírus respiratórios que são causa importante de internações em crianças pequenas, como é o caso do vírus sincicial respiratório. A vacinação da população adulta diminuiu radicalmente o risco de casos graves, mas a epidemia ainda está presente”.