Líderes do centrão —incluindo a cúpula da Câmara— se dizem irritados com ''promessas para tudo que é lado'' do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na combinação de cargos e emendas —sem entrega.
O blog conversou com os principais parlamentares que estão à frente das negociações junto ao Planalto e a queixa é unânime: o Planalto promete, mas não entrega.
Mas, como? Se o governo liberou a presidência da Caixa e ministérios recentes para o grupo?
"É promessa para tudo que é lado. Erram sobre o que é da Câmara e o que é do Senado. É uma coisa meio lero lero", disse ao blog um influente parlamentar da Casa.
As queixas, se não atendidas, refletirão no dia a dia da agenda do Congresso. Pautas de interesse do governo, avaliam, terão dificuldades em 2024.
Em 2023, muito do esforço feito foi a costura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com os líderes, com Arthur Lira e com Rodrigo Pacheco.
Lira chegou a reclamar com aliados que não se importava de matar um ''leão por dia'', mas que não conseguiria lidar com ''todos os leões''. Ele se referia aos problemas e às queixas dos líderes da Casa sobre promessas não cumpridas do Planalto.
A muito custo —embora a pauta convirja com a maioria de perfil conservadora da Casa— o presidente Lula cedeu e entregou cargos importantes ao centrão, chegando a se desgastar com sua base ao demitir mulheres como Ana Moser, ex-ministra do Esporte, e Rita Serrano, ex-presidente da Caixa.
No Senado, a conta é mais alta: o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, quer fazer seu sucessor, David Alcolumbre —visto no Planalto como o principal articulador em busca de emendas e cargos na Casa. E é quem dificulta ou facilita a vida do governo a depender do atendimento aos senadores —começando pela comissão que comanda, a de Constituição e Justiça, que é a mais importante da Casa. Já provaram que não estão blefando, com derrotas impostas ao governo em pautas caras como marco temporal.
Como 2024 está logo ali, faltam ajustes do governo —avisam parlamentares— para evitar o avanço de pautas de costumes, por exemplo.
Mesmo com o que já foi entregue, o governo terá de ceder mais se não quiser passar por sustos no ano que vem, no Congresso.
A título de previsão de dificuldades em matérias importantes para o governo, Lira escolheu Mendonça Filho como relator do Novo ensino Médio.
Mendonça é ex-ministro do governo Temer —e faz oposição ao governo Lula. Era o nome mais temido pelo Planalto.
A regra, no Congresso, é clara: não existe vitória sem o dia seguinte —e todo dia representa uma nova fatura para o Planalto.