O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes afirmou que o regime político da Venezuela é “abominável” e que o Partido dos Trabalhadores (PT) “replica” no país. A declaração foi feita durante uma entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta terça-feira (23).
Perguntado sobre o estilo de plebiscito que tem como modelo para convocar em caso de “impasse” sobre qualquer questão no governo dele. “O fato é que o plebiscito tem sido usado por líderes populistas, especialmente na América Latina, como um instrumento para esvaziar o Congresso, o Poder Legislativo, criando crises institucionais graves”, inicia Renata Vasconcellos, que media a entrevista ao lado de William Bonner.
“Esse modelo de democracia direta pode colocar em cheque a nossa democracia representativa. Como o senhor pode evitar isso?”, pergunta. Ciro é enfático ao dizer que se espelha nos modelos de plebiscitos da Europa e dos Estados Unidos e menos para o país sul-americano.
“Eu faço isso olhando mais para a Europa e os Estados Unidos do que para a Venezuela. Eu acho o regime da Venezuela abominável. É muito clara a minha distinção com esse populismo sul-americano que infelizmente o PT replica aqui. Ortega na Nicarágua, eu acho tudo isso trágico”, declarou.
O candidato do PDT afirma que a ideia dele é fazer “com que as eleições sejam um plebiscito programático”. “Persistindo o impasse, é ao Congresso que interessa chamar a população para deslindar esse impasse. Se persistir o impasse, vamos pedir ao povo que vote”, diz.
Questionado se não haveria crise, no caso de o Congresso não aceitar a representação popular, ele disse que irá “energizar a política brasileira” por tirar a frustração com o passado do PT e de Bolsonaro.
A jornalista Renata Vasconcellos apontou que Ciro tem adotado termos duros e ofensivos aos dois candidatos melhor posicionados nas pesquisas. Ela questionou se esse discurso poderia servir para aumentar a polarização do país.
O ex-governador do Ceará, então, chegou a citar o físico Albert Einstein para se defender. “A ciência da insanidade, dizia o Einstein - maior cérebro da idade moderna -, é repetir as mesmas coisas esperando resultados diferentes”, disse.
“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização odienta, que não ajudei a construir, pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT, agora está tentando reproduzir uma espécie de 2018”, alegou o candidato.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu a série na segunda-feira (22). Depois de Ciro, William Bonner e Renata Vasconcellos entrevistam Lula (PT), na quinta (25/8), e Simone Tebet (MDB), na sexta (26/8). André Janones (Avante) seria o quinto candidato a participar da série, mas retirou a candidatura para apoiar Lula no primeiro turno.