O senador Otto Alencar (PSD) avaliou, em entrevista ao podcast Projeto Prisma nesta terça-feira (3), que o também senador Jaques Wagner (PT), seu aliado político, fez a escolha correta ao desistir de se lançar candidato a governador da Bahia em 2022. De acordo com Otto, a decisão ocorreu um pouco tarde, mas tinha que ser tomada, invariavelmente.
“Na situação em que se encontrava, Wagner fez certo. Você sabe que eu sou médico, sou cirurgião. Quando se tem um problema grave, você bota na sala e opera logo, com urgência. Não pede exame. Então Wagner tomou a decisão certa. Um pouquinho já tardiamente, mas tinha que tomar a decisão. O ruim é quando não toma a decisão”, analisou o senador.
Otto também admitiu que houve conversas para que o então governador Rui Costa (PT), hoje ministro da Casa Civil, fosse o candidato ao Senado pelo grupo político governista. Nessa configuração, o atual senador viraria o candidato ao governo do estado.
“Essa conversa aconteceu, mas não prosperou. Seria um candidato imbatível, seria um grande senador, pelo trabalho e pelo conhecimento que ele tem. Mas as coisas não evoluíram por aí. Até porque o vice-governador João Leão tinha a pretensão de fazer a transição, ser governador por nove meses, e dentro do grupo — não é nada pessoal contra João Leão, ele foi um vice-governador que ajudou muito e eu não tenho nada contra seu comportamento — a decisão foi outra”, relatou Otto.
O parlamentar também contou os motivos pelos quais ele decidiu não ser o candidato a governador pelo grupo, abrindo espaço para a candidatura do atual governador, Jerônimo Rodrigues (PT).
“Eu poderia ter sido o candidato ao governo com Rui senador, mas eu fui honesto comigo mesmo. Eu me avaliei, tinha saído de um problema e disse: “olha, não sei se vou conseguir liderar esse processo como candidato a governador”. Achei que como senador teria uma eleição que me desse mais tranquilidade, do ponto de vista que eu estava vivendo. Eu tive a Covid e tinha problemas que eu tinha que resolver: de falar, de ter dificuldades tomando analgésicos. Era uma sequela muito grave”, disse Otto, que é médico.
Para o senador, o resultado obtido por Jerônimo na eleição não foi uma surpresa. Apesar do atual governante estadual ter sido indicado pelo grupo para as eleições só após as recusas de Wagner e do próprio Otto, a avaliação do parlamentar é que o petista sempre esteve preparado para a disputa.
“Jerônimo teve um desempenho muito bom. Não tinha sido candidato a nenhum outro cargo, mas não surpreendeu. Correspondeu, pelo que ele tem de história política, de convicção ideológica, de treinamento e de capacidade de trabalho. Wagner tomou a decisão na hora certa. Tinha que resolver o problema, tinha que botar na sala e operar. Não dava para esperar mais, na situação que nós nos encontrávamos ali”, avaliou.